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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Saída da Ford no Brasil: A Ciência na Indústria, por Marcos Campos

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Nesse começo de ano, a indústria brasileira recebeu um forte baque: a Ford estaria desativando suas 4 plantas de produção no Brasil. Essa notícia foi usada inúmeras vezes como forma de lembrar a todos sobre o famigerado Custo Brasil de produção. A CNI e a FIESP já soltaram notas afirmando ter o Custo Brasil, um grande peso nas diretrizes estratégicas tomadas pelas matrizes da grande montadora de automóveis. Entretanto, gostaria de dar enfoque em como um fator importante pesou, especificamente, na decisão da Ford de deixar o Brasil: a baixa qualificação da nossa mão de obra. Ao anunciar a saída da Ford do Brasil, o presidente da companhia na América do Sul citou a falta de adaptabilidade das plantas brasileiras para a produção de carros elétricos. Ou seja, por questões de custos, as plantas brasileiras não conseguiriam se manter para a produção desses carros, cada vez mais demandados, e ainda continuar produzindo os carros à combustão. Ou seja, nossas plantas industriais não possuem o n...

O difícil encontro entre o economista e o debate sobre o déficit habitacional brasileiro, por Evandro Luis

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Nem todo mundo notou, mas em meio ao turbilhão de acontecimentos inesperados de 2020 o governo Bolsonaro, aos 45’ do segundo tempo, lançou a sua tão prometida nova proposta para política habitacional: o programa “Casa Verde e Amarela”. A intenção de substituir o célebre e bastante questionado programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV) por um novo programa já era algo anunciado pelo governo desde os seus primeiros dias. Ao longo de 2019, assistimos a uma série de tentativas malsucedidas do governo federal de emplacar uma política de “vouchers” para custear construção e reformas habitacionais no lugar do programa habitacional fortemente associado aos governos petistas. Contudo, o lançamento oficial do novo programa acabou acontecendo por meio de medida provisória somente no dia 25 de agosto de 2020, com enorme atraso em relação à proposta do governo para o Plano Plurianual 2020-2023 e sem o polêmico formato de execução via “voucher”.  Sem viabilizar a mudança que pretendia in...

Um ministério para o futuro, por Beatrice F-Weber

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O novo livro de Kim Stanley Robinson, intitulado " The Ministry for The Future ", que poderíamos traduzir como Ministério pelo Futuro, é uma obra de distopia climática. Na obra, o autor tenta retratar como se dariam as próximas décadas, pensando como seria a transição para uma economia e organização social que evitasse a completa destruição do planeta, e consequente extinção da humanidade. Mesmo se tratando de uma ficção, há também trechos teóricos, que ajudam a embasar parte das importantíssimas discussões que o livro pauta. Como a obra ainda está disponível apenas em inglês, traduzimos um capítulo para aguçar a curiosidade dos leitores. Aproveitem! E quem tiver interesse em conhecer mais sobre o autor, e sobre o livro, recomendo essa entrevista na Revista Jacobin, e essa entrevista no podcast The Ezra Klein Show. Ambas também em inglês. Capítulo 20   O coeficiente de Gini, derivado pelo sociólogo italiano Corrado Gini em 1912, é uma medida de disparidade de renda ou ri...

Técnica ou Política? Por onde vamos debater a crise?, por Tales Mançano

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“Mais uma vez o país vive uma crise econômica e, mais uma vez, medidas drásticas são implementadas, requerendo sacrifícios presentes da população em nome de um equilíbrio futuro. Mais uma vez um grupo de sábios recomenda a virtude moral da contentação da modicidade e situa suas prescrições no plano da inevitabilidade calculada por uma caixa de ferramentas. Qualquer discussão sobre economia, seus males e seus caminhos sem o pleno domínio dessas ferramentas é deslegitimado.” resume André Vereta-Nahoum (2017, pp. 15-16) a narrativa de grande parte de supostos especialistas em economia a partir de artigo de Alexandre Schwartsman para a Folha de São Paulo. Esse discurso, majoritário em grande parte da “mídia tradicional", “especialistas do mercado” e mesmo parte da academia, reforça a ideia que, acima de qualquer debate político deve-se prescindir uma aprovação de cunho "técnico" para alguma proposta ser válida. Essa técnica que se pressupõe objetiva, por si só, já parte de p...